Entre 2004 e 2008, apenas duas crianças foram devolvidas às instituições de acolhimento durante o período de pré-adopção na Região. Segundo a presidente do Conselho Directivo do Centro de Segurança Social da Madeira, Bernardete Vieira, embora sendo um número irrisório, constitui sempre motivo de reflexão por parte das equipas que acompanham os casos de adopção, implicando, em consequência, um envolvimento e reflexão ainda maiores, "sempre a pensar no bem-estar da criança".
Em ambas as situações, o regresso verificou-se logo no início do período de pré-adopção que, por norma, tem a duração máxima de seis meses. Contudo, no caso destas duas crianças, o regresso ficou decretado em menos de 15 dias. A adopção falhou, no primeiro caso, porque a criança apresentava uma acentuada instabilidade emocional e o casal não estava preparado para lidar com este facto. Na segunda situação, os potenciais pais adoptivos detectaram problemas de desenvolvimento no menor e reconheceram não possuir capacidade emocional para lidar com uma criança do género.
Nas duas situações, as crianças retornaram às instituições de acolhimento, onde se encontram até à data. Embora tenham famílias biológicas, estas não reúnem as condições necessárias para o crescimento e desenvolvimento de uma criança. Mediante estes cenários, Bernardete Vieira considera ser fundamental apostar numa formação especial e no acompanhamento do casal, nos períodos de pré e pós-adopção. A nível nacional, a Segurança Social encontra-se a trabalhar nesse sentido, a fim de possibilitar esse suporte aos casais que queiram adoptar.
"Na pré-adopção já se faz esse acompanhamento, temos uma equipa que acompanha durante seis meses a família", disse, referindo que casos como estes reforçaram a necessidade de analisar o perfil do casal. "É preciso ter uma maturidade e uma grande disponibilidade para aceitar uma criança", referiu, garantindo que, quando mais idade tem o menor, mais complicado se torna o processo de adopção.
"Uma criança, quanto mais velha é, mais consciência tem e mais vincados estão os seus hábitos e o sofrimento também, que é uma das coisas que mais marca o ser humano", afirmou, referindo que os pais adoptivos, nestas situações, têm de possuir uma grande capacidade de ajuda, para que a criança cresça e se torne, mais tarde, um adulto feliz. Porém, Bernardete Vieira aponta que houve uma evolução muito grande na Região, no que diz respeito ao aumento da idade das crianças adoptadas. "No ano passado, a média de idades das adopções andou nos seis anos", disse.
"Eu defendo que os casais devem saber concretamente toda a realidade de uma criança, ter um conhecimento pleno da criança que levam, dos problemas, até para se adaptarem e saberem se têm ou não condições de afecto", sublinhou.
Entre 2004 e 2008, na Região, concretizaram-se 119 adopções com sucesso e, até ao momento, ainda não se registou nenhum retorno. Embora não haja um acompanhamento pós-adopção, Bernardete Vieira explicou que os próprios casais tendem a criar um vínculo com a equipa que os acompanharam na fase de pré-adopção, daí que consigam ter conhecimento de como correm os casos em que deram um contributo e apoio para um final feliz.
No continente, nos últimos quatro anos, foram devolvidas às instituições de acolhimento cerca de 80 crianças, durante a fase de pré-adopção, por motivos vários. Só no ano de 2007, 17 crianças regressaram ao ponto de partida e as estimativas apontam que ocorram perto de 20 'rejeições' por ano.
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