Um milhão de crianças vive em regime de detenção;
- 143 Milhões de crianças não têm pais;
- 171 Milhões de crianças trabalham em condições perigosas;
- 8,4 Milhões de crianças estão nas piores formas de trabalho infantil;
- 2 Milhões de crianças são utilizadas na indústria do sexo (com todas as atrocidades que essa situação implica).
Milhões servem em residências privadas transformando-se em escravos de palmo e meio, outros tantos são à força tornados soldados.
Fome, doença, falta de identidade, e contam-se mais uns milhões. Não há número definido para as crianças que são assassinadas, para as que são vendidas, mutiladas, utilizadas em ritos, largadas à má sorte.
Os constantes relatórios tentam funcionar como gritos de alerta. A demagogia é invocada quando se diz que enquanto uns passam férias na Lua, outros morrem de fome na Terra. Enquanto uns fazem festas de milhões, outros tantos padecem pela ausência de cuidados primários.
Exemplos e mais exemplos… demagogia?
Seja. Mas é indesmentível.
”Relatório
A subnutrição é uma verdadeira epidemia global que contribui para mais de metade da mortalidade infantil, ou seja cerca de 5,6 milhões de crianças por ano. Nos países em desenvolvimento mais de um quarto das crianças com menos de cinco anos têm um peso muito baixo, algumas delas a ponto de constituir um risco para as suas vidas, afirma o relatório da UNICEF – Progress for Children: a Report Card on Nutrition (Progressos para as crianças: um balanço sobre a nutrição).
Um documento que afirma que a percentagem de crianças menores de cinco anos que apresenta baixo peso diminuiu apenas ligeiramente desde 1990 – o que, segundo a UNICEF, prova que o mundo não está a respeitar os seus compromissos para com as crianças. Actualmente, 27 por cento das crianças dos países em desenvolvimento têm baixo peso, o que representa um total de cerca de 146 milhões de crianças.
Perto de três quartos destas crianças vivem em apenas dez países, e um pouco mais de metade em três: Bangladesh, Índia e Paquistão. Mas estes números são apenas a ponta do iceberg, diz a UNICEF.
É urgente rever as prioridades deste Mundo (des)Humano. “Padrinhos de Portugal” Padrinhos de Portugal é uma organização voluntária, não estatal, que ajuda 80 crianças moçambicanas carenciadas a terem acesso à educação, saúde e alimentação. Catarina Serra Lopes é a mentora do projecto, que nasceu em Novembro de 2002 depois de ter estado dois meses a trabalhar como voluntária na Cidade da Beira, em Moçambique, junto de crianças extremamente carenciadas.
”A vontade de fazer algo mais e com uma maior continuidade, levou a que surgisse a ideia de montar um semi-internato no Alto da Manga, um bairro localizado no mato, a cerca de quinze quilómetros da Cidade da Beira”, adiantou. Os meninos alvos deste projecto têm entre os cinco e os 10 anos e são oriundos de famílias muito carenciadas, sendo na maioria das vezes órfãos de mãe ou de pai ou até dos dois. Actualmente são abrangidas pelo projecto 32 crianças na Beira e 50 em Maputo.
Em Moçambique, todas as crianças que frequentam a escola pública são obrigadas a pagarem matrícula e propinas elevadíssimas, além da própria farda. Para ajudar as crianças, os padrinhos pagam mensalidades trimestrais de 75 euros cada, que são enviadas para Moçambique e acompanhadas por uma portuguesa que está no terreno e que assegura a sua correcta distribuição. Mensalmente os padrinhos vão recebendo informações por escrito dos seus meninos, muitas vezes acompanhadas por cartas e fotografias.
Os Padrinhos de Portugal estão em vias de se constituírem como associação e posteriormente Organização Não Governamental para o Desenvolvimento (ONGD). “Com uma porta aberta para os fundos comunitários, a ideia seria então implementar cursos de formação para às crianças, incluindo ateliers vários, preparando-as para o mundo actual”, sublinhou.
Em Portugal
Perto de uma centena de crianças foi vítima de maus-tratos no primeiro trimestre do ano, tendo a maioria dos crimes como autores os próprios pais, revela um estudo da Associação de Apoio à Vítima (APAV).
Os crimes mais praticados contra crianças são os maus-tratos psíquicos, seguindo-se os maus-tratos físicos, adianta a estatística da APAV baseada nos casos registados pela associação nos primeiros três meses do ano. Foram ainda registados neste período, 15 ameaças/coação, oito abusos sexuais, seis violações de obrigações de alimentos, três casos de violação e dois de difamação e injúrias.
De acordo com os dados, a maioria dos crimes (39,2 por cento) ocorreu em crianças entre os 11 e os 17 anos, seguindo-se a faixa etária entre os seis e os 10 anos (27,8 por cento) e a dos zero aos três anos (19,6).
O nível de ensino das crianças mais vezes assinalado pela APAV diz respeito ao pré-escolar (24,7 por cento), seguindo-se o primeiro ciclo (16,5 por cento).
As cidades de Faro (21,7 por cento), Lisboa (21,7 por cento) e Porto (20,6 por cento) são as que apresentam maior número de crianças vítimas de situação de violência. A maioria dos crimes (80 por cento) é praticado na residência comum (da vítima e do agressor), salienta a estatística.
Os dados traçam ainda o perfil do agressor, indicando que seis em cada dez são os próprios pais. A maioria dos agressores (81 por cento) é homem, tem entre 36 e 45 anos e é casado (44,3 por cento).
Relativamente à escolaridade dos agressores, 3,1 por cento não sabe ler nem escrever, 10,3 por cento tem apenas o primeiro ciclo, 4,1 por cento frequentou o segundo ciclo e 3,1 por cento o ensino secundário. Mais de 15 por cento dos autores dos crimes está desempregado, 13,4 por cento são operários, artífices e trabalhadores da construção civil.
Porque Porque os outros se mascaram mas tu não.
Porque os outros usam a virtude.
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados.
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.
Porque os outros se compram e se vendem.
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.
Porque os outros vão à sombra dos abrigos.
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.
Sophia de Mello Breyner Andresen
Homenagem, à Vanessa, à Joana, ao Rui Pedro, à Sandra, ao João, ao José, à Maria, ao Luís, à Sara, ao Miguel…
Fonte: O Primeiro de Janeiro.
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