Fonte: Portugal Diário, de 20-02-2006
As crianças negligenciadas em Portugal chegaram a mais de quatro mil em 2004. As negligências atingem todas as classes sociais. Não só nas mais pobres onde existem factores de risco, como o alcoolismo e a violência doméstica, mas também nas classes médias e altas. O PortugalDiário falou com a presidente de uma comissão e conta-lhe alguns casos.
«Há pouco tempo tivemos um caso de um pai viúvo, de um estrato muito elevado, que deixava os seus três filhos pequenos irem para a escola sem pequeno-almoço. Além disso, não levavam lanche para o meio da manhã, nem dinheiro. O almoço era umas sandes e não tinham horas para jantar ou para dormir», contou Paula Carqueja da Comissão de Protecção de Crianças e Jovens em risco do Porto Ocidental.
A responsável explicou que as mesmas crianças iam para a escola dias seguidos com o mesmo vestuário, apresentavam sinais de não ter dormido e começaram a mostrar sinais de que não eram «cuidadas» em casa. A escola foi a entidade que começou a notar as negligências e a alteração de comportamento nos menores. A comissão foi alertada e agora acompanha o caso. «Estavam entregues a eles próprios».
Já na classe média os casos estão normalmente relacionados com a má gestão financeira das famílias. «Existem algum dinheiro, no entanto, é gasto no início do mês. Aí os pais compram os pequenos-almoços nos cafés e dão as guloseimas aos filhos. Quando o dinheiro começa a faltar há crianças que passam a ter apenas o leite da escola como alimento», contou.
«Por vezes não há dinheiro para as necessidades básicas, mas os pais acabam por aceder aos desejos consumistas dos mais novos. Tive um pai nestas condições que comprou umas sapatilhas de 100 euros para a filha», salientou Paula Carqueja.
Mas a negligência não passa só pela alimentação e má gestão de recursos financeiros. «Quando fazemos visitas domiciliárias é frequente encontrarmos crianças de 10 anos a tomarem conta de bebés de um ou dois anos. As fraldas estão mal postas e por vezes os mais velhos deixam cair os bebés», exemplificou.
A paternidade precoce potencia também em alguns casos a negligência. Paula Carqueja, explica como por vezes é difícil proteger os mais novos quando a pro
«Há pouco tempo tivemos um caso de um pai viúvo, de um estrato muito elevado, que deixava os seus três filhos pequenos irem para a escola sem pequeno-almoço. Além disso, não levavam lanche para o meio da manhã, nem dinheiro. O almoço era umas sandes e não tinham horas para jantar ou para dormir», contou Paula Carqueja da Comissão de Protecção de Crianças e Jovens em risco do Porto Ocidental.
A responsável explicou que as mesmas crianças iam para a escola dias seguidos com o mesmo vestuário, apresentavam sinais de não ter dormido e começaram a mostrar sinais de que não eram «cuidadas» em casa. A escola foi a entidade que começou a notar as negligências e a alteração de comportamento nos menores. A comissão foi alertada e agora acompanha o caso. «Estavam entregues a eles próprios».
Já na classe média os casos estão normalmente relacionados com a má gestão financeira das famílias. «Existem algum dinheiro, no entanto, é gasto no início do mês. Aí os pais compram os pequenos-almoços nos cafés e dão as guloseimas aos filhos. Quando o dinheiro começa a faltar há crianças que passam a ter apenas o leite da escola como alimento», contou.
«Por vezes não há dinheiro para as necessidades básicas, mas os pais acabam por aceder aos desejos consumistas dos mais novos. Tive um pai nestas condições que comprou umas sapatilhas de 100 euros para a filha», salientou Paula Carqueja.
Mas a negligência não passa só pela alimentação e má gestão de recursos financeiros. «Quando fazemos visitas domiciliárias é frequente encontrarmos crianças de 10 anos a tomarem conta de bebés de um ou dois anos. As fraldas estão mal postas e por vezes os mais velhos deixam cair os bebés», exemplificou.
A paternidade precoce potencia também em alguns casos a negligência. Paula Carqueja, explica como por vezes é difícil proteger os mais novos quando a pro
Sem comentários:
Enviar um comentário