quinta-feira, abril 09, 2009

Adopções com reservas


Na Região estão contabilizadas actualmente 17 crianças em situação de adoptabilidade, definida pela legislação actual como estando "disponíveis para integrar uma família candidata à sua adopção".
Segundo o Centro de Segurança Social da Madeira (CSSM), algumas destas crianças têm e terão dificuldades em serem adoptadas. "A idade (com uma média de 9,5 anos), fratrias (seis grupos de crianças que partilham um parentesco) e atraso de desenvolvimento são alguns dos factores que impossibilitam a integração destas crianças em família adoptiva".
O psicólogo Emanuel Alves explica que um processo de adopção implica que não só a criança se adapte à família, mas também que a família se adapte à criança. "É um processo biunívoco", refere. Daí que as dificuldades sejam acrescidas se a criança for mais velha.

Está provado que as pessoas têm mais recordações a partir dos três ou quatro anos de idade. Antes disso, a maioria das memórias ou vivências são "contadas e não vividas". Daí que a capacidade de adaptação de uma criança pequena a uma 'nova' família seja maior do que quando se trata de uma criança que foi retirada aos pais ou família biológica com sete ou oito anos ou mesmo quando esteve vários anos institucionalizada. "Quando a criança é mais velha tem a sua personalidade já bem formada e as suas próprias regras", o que dificulta o processo de aceitação dos padrões familiares, acrescenta.
As dificuldades de adaptação também aumentam quando a criança ou jovem tem algum atraso no desenvolvimento. Emanuel Alves diz que nestas situações, a adopção é difícil. "As famílias desejam ter filhos, ditos, normais", sejam biológicos sejam adoptivos. "Partir já de um 'handicap' é muito difícil" não só em termos de adaptação ao meio, mas também de aceitação. Porém, ressalva, há famílias que aceitam receber em suas casas crianças problemáticas, com atrasos no desenvolvimento ou com necessidades especiais.
Mas, em qualquer caso, o processo de adopção nunca pode ser visto como algo simples. Daí que Emanuel Alves refira a importância do acompanhamento psicológico de cada processo, como algo que ajuda a garantir o bom desenrolar da criação de um vínculo entre uma criança e uma família.
Seis crianças adoptadas em 2009
Segundo os dados fornecidos pelo Conselho Directivo do CSSM, nos primeiros três meses do corrente ano já foram decretadas na Região seis adopções. Os processos referem-se a crianças com uma idade média de três anos.
Embora o número de processos terminados tenha aumentado gradualmente entre 2004 e 2007, no ano passado o total de adopções decretadas sofreu uma redução. Em 2004 foram adoptadas na Região sete crianças, um valor que aumentou para 18 em 2005, para 34 em 2006 e para 37 em 2007. No ano passado foram decretadas apenas 24 adopções de crianças com uma média de idades de seis anos. Actualmente existem na Região 17 crianças em situação de pré-adopção (período experimental de integração na família candidata que dura seis meses). Segundo o CSSM, as crianças em pré-adopção têm uma média de idades de 3,3 anos.
Nos últimos anos, o aumento não se registou apenas no número de crianças adoptadas. Há cada vez mais candidaturas de casais ou indivíduos a chegar à Equipa de Adopções do CSSM. Actualmente são 95 os candidatos, entre casais e singulares. O número de casais a apresentar candidatura é sempre bastante superior ao total de indivíduos candidatos a adoptar uma criança.
Adopção internacional.
Os dados da Segurança Social ao nível nacional apontam para um total de 88 adopções internacionais em Portugal, entre 2003 e 2008. Em seis anos, 53 crianças estrangeiras foram adoptadas por portugueses e outras 35 crianças portuguesas foram adoptadas por estrangeiros.
Segundo as informações do Centro de Segurança Social da Madeira não existem registos nem de casais ou indivíduos candidatos a adoptar uma criança estrangeira, nem tão-pouco registos de uma criança nascida na Região que tenha sido adoptada por algum estrangeiro.

Sem comentários: