domingo, setembro 07, 2008

Denúncias de violência doméstica aumentam



Ao defender que "a impunidade dos agressores não pode continuar, nem ser aceitável", a presidente da Associação Presença Feminina, Helena Pestana, considera que também deve haver uma grande aposta na prevenção, principalmente junto das crianças, jovens e dos pais, de modo a "fazer a diferença na mudança de mentalidades". "Violência na família gera outras violências e é na família que se passa a maior parte da violência, quer contra as mulheres quer contra as crianças e jovens, incluindo a violação", apontou. A melhoria do estatuto social das mulheres e o aprofundamento do envolvimento dos homens em campanhas de sensibilização também são formas que Helena Pestana encontra para apaziguar esta problemática, cada vez mais presente na sociedade.
De acordo com os dados disponibilizados pela associação, as vítimas são maioritariamente do sexo feminino, com idades compreendidas entre os 30 e os 50 anos, casadas ou em união de facto. As vítimas referem que os filhos assistem frequentemente aos maus tratos e apontam que sofrem efeitos da violência psicológica, vivendo permanentemente com medo, em depressão e, muitas vezes, com sentimentos suicidas.
A presidente do Conselho Directivo do Centro de Segurança Social da Madeira (CSSM), Bernardete Vieira, apontou que a Equipa de Apoio às Mulheres Vítimas de Violência Doméstica do CSSM apoiou, desde 2002 e até Junho de 2008, 587 pessoas. Em 2007, a equipa recebeu 132 novos pedidos de apoio, enquanto, no corrente ano e até Junho passado, o número de pedidos foi de 55. Em Julho e Agosto foram atendidas, pela primeira vez, 24 mulheres vítimas de violência doméstica, perfazendo um total de 79 novos casos de apoio até ao momento.
Segundo dados facultados pela presidente do Conselho Directivo do CSSM, em 94% das situações, a agressão é realizada pelo cônjuge ou companheiro, tendo as vítimas idades compreendidas entre os 25 e os 54 anos.
Quanto aos agressores, 60% têm dependências de álcool e/ou estupefacientes, sendo os maus tratos de várias naturezas (físicos, psicológicos, sexuais, económicos), coexistindo na maioria das situações.
Bernardete Vieira explicou ainda que "a violência doméstica invade todas as classes sociais" e que, apesar de ainda em número diminuto, alguns agressores procuram apoio técnico, com o intuito de resolver o problema.

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