A falta de informação em torno da mediação familiar ainda persiste, mas o recurso a esta alternativa de resolução de conflitos na Região tem vindo a consolidar-se. Curiosamente, a maior parte dos contactos pertence ao sexo masculino e a responsável pela delegação regional do Instituto Português de Mediação Familiar (IPMF), Luísa Santos, disse que a razão apontada para estas consultas prende-se com o facto de encontrarem na mediação "uma alternativa" aos advogados, cujos serviços são menos acessíveis.
A responsável acredita que este sistema, embora recente, veio para ficar na sociedade actual. A nova lei do divórcio, aprovada há duas semanas, introduz mesmo a figura da mediação familiar para a resolução de conflitos, sejam eles relacionados com a regulação do poder paternal ou com a separação de pessoas e bens.
A mediação familiar consiste na realização de um acordo entre cônjuges que se separam, com o intuito de manterem a parentalidade. "Os cônjuges separam-se, mas não deixam de ser pais, daí que a mediação familiar apareça como uma forma de ajudar os pais a continuarem a ser pais após a separação", frisou.
"A mediação familiar tem como principal objectivo ajudar os pais a regularem a responsabilidade parental", explicou, referindo que vai de encontro aos direitos da criança. Contudo, acredita que há ainda alguma falta de informação quanto à tarefa de um mediador. "Na Região, começámos a falar em mediação em 2006 e, nessa altura, o 'feedback' que tinha era que a maioria das pessoas confundia a mediação com terapia familiar", confessou, explicando que a mediação surge apenas quando os pais já têm em mente a separação.
"O mediador surge aqui como uma alternativa a uma resolução de conflitos, através de uma cultura de paz", reforçou.
A criação da delegação regional do IPMF remonta a 31 de Maio do ano passado. Porém, volvido um ano, o grupo carece ainda de uma sede física, onde possam estar acessíveis sem privações. "Neste momento, os mediadores ligados ao IPMF actuam junto da sociedade mais ao nível privado", apontou, acrescentando que gostariam de "oferecer este serviço de forma pública". "Nós continuamos a tentar protocolos e parcerias", afirmou, garantindo que há interesse que esta delegação se instale, embora tal implique tempo. "Apesar de tudo, não estamos parados", rematou.
A mediação familiar
A mediação familiar consiste na realização de um acordo entre os cônjuges que se separam, com o intuito de manter a parentalidade.
Através de um técnico especializado, os pais são ajudados nessa tarefa após a separação, daí que o slogan da mediação familiar seja "em prol do superior interesse das crianças".
A Região possui um grupo de 15 mediadores devidamente certificados com um curso acreditado pelo Ministério da Justiça.
A delegação regional do IPMF vai promover o II Encontro de Mediação Familiar, nos dias 30 e 31 de Maio, no auditório do Colégio dos Jesuítas.
Ao longo de dois dias serão focados temas como a síndrome da alienação parental, como proteger as crianças e o que devem ser os tribunais de família, para além de dois workshops no dia 30.
Esta iniciativa está aberta ao público em geral e as inscrições podem ser feitas através do e-mail ipmffunchal@gmail.com, ou pelo telefone 91 760 25 61. O preço para profissionais é de 45 euros (aumento de 15 euros depois do dia 5 de Maio) e 25 euros para alunos (aumento de 5 euros após dia 5 de Maio).
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