sábado, dezembro 01, 2007

Aqueles miúdos não dão votos- crónica de Hernâni Carvalho

Os centros educativos têm um nome sonante e é tudo. Não educam, não preparam, apenas adiam. Maioria das vezes, os jovens ali internados chegam à maioridade e são detidos.

Chegados aos 18 anos, saem das pautas dos miseráveis resultados do Instituto de Reinserção Social (IRS) e entram nas prisões.

Os centros deveriam educar, reinserir e preparar para a cidadania. É uma lenga lenga que está na Lei e que é usada em inúmeros, mas inúteis, seminários pagos pelo contribuinte, que ocorrem pomposamente pelo país. São seminários dados por e para funcionários públicos. Ocorrem em horário de expediente, são pagos por todos nós, mas têm resultados nulos.

Os menores que cometem crimes são julgados pelos tribunais de Família e Menores que, em função da gravidade do delito, da personalidade do jovem delinquente e do contexto em que o crime é praticado, decretam uma medida de internamento num centro educativo.

Por cada rapaz internado num centro educativo há dois funcionários. Isto nos números. Porque no terreno há ainda menos gente. O IRS terá funcionários suficientes, mas muito mal distribuidos. O escandâlo é tal que ficaria muito mais barato interná-los em qualquer colégio europeu de primeira categoria.
É só fazer contas. Cada jovem internado custa em média 6000 euros ao Estado Português. Se fosse internado em Eaton (um dos mais caros e elegantes colégios britânicos) custaria 4000 euros e saía de lá a tocar piano, a falar francês, a saber esgrima e a andar a cavalo. Os nossos saem dos centros educativos para as prisões.
Custa mas é verdade! Há excepções. Claro. Mal de nós. Mas a regra é esta. É só consultar os números. Porque é que isto não muda?
Ler crónica integral em Aeiou, de 29-11-2007.

1 comentário:

Anónimo disse...

o problema é grave quando nos limitamos aos números para analisar determinada realidade.

saberá o senhor jornalista o que é reinserir estes jovens, após cumprimento da medida, nas familias disfuncionais a que pertencem, sem qualquer tipo de apoio?

nem que viessem de Eaton, como refere (um dos mais caros e elegantes colégios britânicos) a falar francês, a saber esgrima e a andar a cavalo...

quando alguém fala do que não sabe...

M&M