segunda-feira, novembro 05, 2007

Emanuel Alves põe em causa exames psicológicos na Região


O psicólogo Emanuel Alves não põe em causa o processo de visita dos familiares às crianças, mas sim a forma como estas famílias são separadas e como lhes é transmitida essa situação. «Penso que todas as instituições e famílias de acolhimento tentam fazer o melhor possível. Provavelmente, há é que repensar a forma como estas crianças são retiradas do seio familiar. Vou dar-lhe um exemplo, que nem sei se é o caso. Muitas vezes, os miúdos são dados para adopção mas, depois, ao mesmo tempo, permite-se aos pais que os possam ver. Isto é completamente ridículo, pois cria uma ideia pré-concebida à mãe de que vai perder a filha».
Por outro lado, aponta para a eventualidade de, em todo este processo, «haver aqui gente que elaborou relatórios, quer sociais, quer psicológicos, dos quais deve constar uma análise a esta mãe. E se ela apresentava alguma perigosidade, a questão põe-se: foi ou não mencionado no relatório a situação? Para esta filha ser retirada, houve — suponho eu — exames psicológicos a esta mãe», alerta.
Mas, esta questão levanta outras dúvidas ao psicólogo, nomeadamente, sobre a experiência de quem faz os relatórios. «Neste momento, esta situação levanta-me, seriamente, muitas questões. Porque, antes havia alguma experiência. Agora, há situações na saúde mental, porventura, menos cuidadas».
Neste âmbito, Emanuel Alves lamenta mesmo o facto de, neste momento, recorrer-se a recém-licenciados para fazer exames e trabalho para as Comissões de Menores. «Se você acaba um curso e lhe pedem para tomar uma decisão destas, obviamente vai “meter água” porque não sabe ver estas coisas. Acho que estão a ser feitos exames psicológicos que, porventura, merecem mais cuidado e muitas outras situações na área da saúde mental. Senão, obrigatoriamente, teremos mais situações destas».Emanuel Alves considera ainda que o Estado também não pode lavar as mãos de situações destas e alerta para outras questões. «Há que perceber a importância do trabalho destas Comissões — que não são infalíveis — mas também a responsabilidade que tem de haver nas mesmas. É certo que ninguém conseguia adivinhar o que a mãe ia fazer no futuro. Agora, também não sei se ela tinha, ou não, “historial”. Neste caso, as instituições são guardas, mas quem sabe é quem manda. O que eu quero acreditar é que é preciso haver mais experiência e mais cuidado. E o que se está a passar na saúde mental é o reflexo de tudo isto», diz.
Emanuel Alves conclui com um outro alerta: é que a questão social não pode constituir o único argumento de peso para retirar menores do seio das famílias. «Independentemente da análise social, em muitos dos casos, a fé e ensinamento de princípio cristão pode permitir sermos excelentes pais», lembrou.
Ler noticia integral em Jornal da Madeira, de 4-11-2007.

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