sexta-feira, fevereiro 02, 2007

Instituições maiores falham na educação de jovens internados

Fonte da imagem: www.redecria.es.gov.br/imagens/diagrama_insti


O modelo de acolhimento em instituições de crianças e jovens em risco que existe em Portugal não está a funcionar. Sobretudo, nas instituições de maior dimensão (com mais de 30 jovens), que são 97 das 218 existentes no país. Só 59 albergam até 15 internos. Os jovens vivem afastados da realidade exterior, não criam laços afectivos com os técnicos nem são apoiados no momento da saída. A maioria teve maus resultados escolares e exerce trabalhos precários e de curta duração, e poucos concluem um curso superior.
Estes factos referem-se a um universo de 25 entrevistados que estiveram institucionalizados e constam do relatório "Percursos de vida após a saída de Lares de Infância e Juventude", efectuado pelo Instituto de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE) para o Instituto de Segurança Social.
Dos 25 jovens - cinco de cada distrito Lisboa, Porto, Viana do Castelo, Santarém e Évora -, 19 foram retirados às famílias por ausência de parentalidade capacitada - os jovens não têm padrões por ausência física ou emocional dos pais -, quatro por carência socio-económica da família e dois por conduta desviante, e 18 deles, têm agora entre 19 e 27 anos.
"A dissociação familiar" é um traço marcantes das famílias, associada a casos de desemprego, precariedade laboral, carências profundas e baixa escolaridade.
"Quem assinala, denuncia ou leva a criança para a instituição são sobretudo professores, familiares, vizinhos e técnicos". Os menores não estão no ensino pré-escolar ou têm baixa escolaridade, dificuldades de aprendizagem e elevada taxa de absentismo ou abandonaram mesmo a escola.
Críticas ao funcionamento.
Uma das críticas dos jovens refere-se às regras. "Não evoluem e são uniformizadas, sem se adaptarem à idade e ao perfil psicológico", mas admitem que a rigidez nas normas é maior nas grandes instituições. Os jovens apontam também a falta de autonomia no exercício de tarefas. Por exemplo, um jovem ajuda na cozinha, mas não sabe fazer sozinho uma refeição; ou cumpre os horários, mas nunca saiu do bairro e não sabe orientar-se noutras ruas.
A maioria frequentou o ensino profissionalizante por escolha da instituição e agora trabalha. Têm "trabalho precário e instável. e "nenhum dos jovens que saiu para o ensino superior, conseguiu continuar a estudar". A maioria por dificuldades financeiras.
A ausência de um projecto pessoal é outro pecadilho apontado às grandes instituições, assim como a falta de "preparação prévia e de acompanhamento após saírem". E salvo "algumas excepções não há possibilidade de retomar contactos e afectos com técnicos ou jovens que estiveram institucionalizados".
Ler noticia integral em Jornal de Notícias, de 2-02-2007.

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