quarta-feira, fevereiro 08, 2006

Crianças om deficiência ficam no fim da lista

Fonte: Diário de Noticias, de 8-02-2006

Há muitas crianças que, por terem irmãos, serem mais crescidas ou possuírem uma deficiência, não são procuradas por ninguém." Estes dados não podem ser ignorados, considera a secretária de Estado adjunta e da Reabilitação, do Ministério da Solidariedade Social.
O tempo é, por isso, de reflexão, considera a governante, lembrando que ponderar as causas deste fenómeno não é tarefa que cabe apenas ao Governo e às instituições, mas diz respeito à sociedade em geral.
Opinião partilhada por Helena Simões, coordenadora da Equipa de Projecto para a Adopção do Instituto de Solidariedade e Segurança Social. Ouvida ontem pela subcomissão parlamentar que está a analisar os sistemas de protecção de menores, Helena Simões disse que, nalguns casos, a demora nos processos de adopção não está relacionada com a falta de candidatos a pais - que são em número superior ao das crianças para adopção - mas com as exigências que estes colocam face às características das crianças.
"O candidato tem direito de ser selectivo, mas a nossa prioridade é encontrar pais para as crianças e não crianças para os pais", afirmou, lembrando que há "1 800 candidatos à espera há dois, três ou quatro anos porque não há capacidade para satisfazer as suas necessidades".
No fim desta lista de espera ficam as crianças com mais de cinco anos, que têm irmãos ou são portadoras de alguma deficiência. "Uma realidade diferente da de outros países", acrescenta Idália Moniz.
Helena Simões disse ainda que alguns juízes têm preconceitos relativamente à adopção levando as crianças a passar tempo demais em centros ou famílias de acolhimento. "Os tribunais ficam à espera de dar mais uma oportunidade aos pais para não quebrar laços biológicos e o processo de adopção não se realiza."
A criação de uma base de dados com os processos de ambos os lados é uma forma de promover o contacto entre candidatos a pais e crianças à espera da adopção. A proposta tem três anos mas só agora arrancou, após uma apreciação da Comissão de Protecção de Dados. "
É uma ferramenta fundamental para agilizar este procedimento. Estamos a carregá-la com os dados dos processos", adiantou a secretária de Estado, confiante que o projecto estará a funcionar em breve. Com esta base de dados, será mais fácil fazer a ponte entre, por exemplo, uma criança de Lisboa e um casal que pretende adoptar no Algarve.

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